domingo, 10 de junho de 2012

Felicidade.




Quando o pensamento diz: "eu quero a felicidade" o próprio pensamento já está separando qualquer possibilidade do indivíduo ser um com a felicidade. Para ser feliz é preciso que todo seu ser se torne a felicidade, e, para isso, nenhum pensamento, nem mesmo estas palavras aqui escritas, são capazes de conquistar a felicidade, pois esta só pode ser experiência. O maior dilema da humanidade é este: buscamos felicidade. Mas é justamente a busca utópica pela felicidade que gera conflitos, pois acredita-se que a felicidade é fruto de um esforço pessoal ou coletivo que se encontra no futuro e não na base da realidade, e essas tentativas criam diferenças, divisões, conflitos, partidos políticos, grupos, identidades, etc. Assim é inventada a estranha ideia de que a felicidade está sob o monopólio de alguém que, se pertence ao mesmo grupo de uma pessoa, há empatia, mas se é alguém de um grupo oposto, há ojeriza - e isso gera dois tipos de vícios, gêmeos na essência, mas diversos na aparência: a bajulação e a inveja. Bajulação, neste caso, é a falsa segurança de uma manutenção de vida forçada por suspostas boas ações ao detentor do poder, daquele que possui em mãos a teoria da felicidade. Inveja é a tristeza pela "felicidade roubada", é querer que a minha teoria da felicidade seja reconhecida como oficial ao invés da outra. Assim, é criada a idolatria por poder político, financeiro, social e todos os tipos de falsos poderes.

A felicidade, quando vira um objetivo, se comprime, e por isso mesmo impede a real felicidade de surgir na consciência. A pergunta: "o que se faz para ser feliz?" é, então, a própria negação da felicidade e a tentativa de respondê-la é a raiz de toda a inquietação. Enquanto nos perguntamos sobre a felicidade estamos a expulsá-la, a projetando no horizonte para depois nos lamentarmos de não tê-la ao nosso lado. Neste meio-tempo acusamos aqueles que aparentemente nos atrapalham de conquistar a felicidade projetada, e eis a causa da guerra, e o que é a guerra senão diferentes teorias da felicidade que se chocam em plena infelicidade?

Pensar em felicidade é o oposto de ser a felicidade. Mas ainda assim somos escravos de conceitos e nos perguntamos qual é o meio para se alcançar esta felicidade. Então, já que somos escravos respondemos com mais conceito, este mal necessário: só é possível ser feliz se tornando a felicidade e não alcançando um objetivo anteriormente proposto. Somos felizes quando desistimos da felicidade, aí só o que resta é...............
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...Felicidade